São Torquato

Um pouco de história

Talvez você tenha nascido por aqui e, apesar disso, não saiba muito da história de São Torquato, um bairro que já foi muito influente na cidade de Vila Velha e no Espírito Santo.

O desconhecimento sobre nosso passado aliado à influência negativa da mídia e suas reportagens descontextualizadas causam um estranho sentimento de que não podemos falar bem do bairro onde vivemos porque, afinal, “moramos mal”, “na perifa”, não é mesmo?

Isso é comum porque, na maioria das vezes, não fomos ensinados a valorizar nossa cultura, o lugar onde vivemos a ponto de sentir orgulho em dizer: “Moro em São Torquato e gosto daqui!”.

Você sabia, por exemplo, que São Torquato integra a história de desenvolvimento dos transportes de massa no Estado? Antes de aviões cruzarem os céus reduzindo o tempo para deslocamento entre as cidades, os trens eram a forma mais eficiente para se viajar pelo Brasil.

Pois era em São Torquato que ficavam as duas mais importantes estações de trens do Espírito Santo: a Pedro Nolasco, início do trecho entre Vitória a Minas Gerais, e a Leopoldina. Da estação Leopoldina, cidadãos capixabas embarcavam com destino ao Rio de Janeiro, então capital federal do Brasil.

Além disso, o bairro integra um das regiões mais antigas de Vila Velha e possui uma história peculiar pela proximidade com o Porto de Vitória, marco de desenvolvimento econômico do Estado.

De acordo com os poucos registros históricos, Vila Velha dispunha, além de seu núcleo central, de três aglomerados urbanos importantes no final do século XIX e início do século XX: Aribiri, Paul, Argolas e São Torquato. Aribiri e Paul surgiram em decorrência da inauguração da linha de bondes, em 1910, enquanto Argolas e São Torquato foram núcleos de povoamento formados a partir da influência das mencionadas estações de trem.

Apesar do passado de desenvolvimento à frente dos demais bairros do município, sobretudo na área dos transportes, a história da Grande São Torquato é pouco conhecida e faltam registros sobre a fundação do bairro. Boa parte dessa história está na oralidade de seus moradores mais antigos. Como pré-universitário, você tem estudado história e descoberto que, na maioria das vezes, o que fica registrado nos livros são os relatos da elite e não os do povo.

Você também já parou pra reparar na beleza natural de seu bairro? São Torquato está situado próximo à capital numa área de beleza física privilegiada pela vista da baía de Vitória. Os moradores das partes mais altas, então, podem se deliciar com uma vista sem igual da Ilha de Vitória, do Morro do Penedo e apreciar a entrada e saída de embarcações.

Com Cobi de Cima, Cobi de Baixo, Alvorada, Sagrada Família e Argolas, o bairro forma a Grande São Torquato com população aproximada de 10 mil habitantes, segundo dados do Censo de 2001 do IBGE.

No campo cultural, a região tem tradição no samba e abriga a escola Independentes de São Torquato, que marcou história no carnaval capixaba. A escola surgiu por meio do Bloco das Caveiras, grupo que começou a desfilar em 1952. Em 1974, surgiu oficialmente a denominação Grêmio Recreativo e Escola de Samba Independente de São Torquato. Logo, no primeiro desfile, veio o título de campeã com o enredo “Pedro Nolasco, fundador da Estrada de Ferro Vitória a Minas Gerais”.

Além da rica história cultural, o bairro abriga um expoente pólo comercial e empresarial sediando desde empresas de pequeno e médio porte a bases operacionais de multinacionais, como a Companhia Vale do Rio Doce, uma das maiores mineradoras do mundo.

Entre os comércios, as empresas de autopeças são as mais tradicionais em São Torquato, sendo que o maior número de lojas fica concentrado na pracinha do bairro.

Depois disso tudo, será que você já não encontrou um motivo para se orgulhar de morar por aqui?

Pense nisso…